A microcirurgia de laringe é uma das cirurgias menos praticadas durante a residência em otorrinolaringologia. Isso ocorre por vários fatores, como a menor incidência de pacientes com doenças laríngeas e a baixa qualidade dos microscópios, laringoscópios de suspensão e pinças cirúrgicas. Além disso, a microcirurgia de laringe é tecnicamente difícil por ter que operar uma estrutura pequena (corda vocal), com o braço esticado e sem apoio, utilizando uma pinça longa e delicada.

Esse curso oferece uma oportunidade única para que o aluno pratique técnicas de fonomicrocirurgia em laringes suínas, utilizando um exclusivo suporte desenvolvido no serviço que simula a condição real de cirurgia no humano. Os alunos treinam operando a laringe através do laringoscópio de suspensão, utilizando o microscópio cirúrgico e pinças de ótima qualidade.

Inicialmente são transmitidos conceitos teóricos sobre a anatomia e ultra-estrutura das pregas vocais, fundamentais para compreender o cuidado com que se devem manusear estas estruturas tão delicadas, visando um resultado cirúrgico adequado, sem perda de tecido saudável e evitando cicatrizes que prejudiquem a vibração da corda vocal e a fonação. São discutidos inúmeros casos clínicos com foco no diagnóstico diferencial entre as lesões inflamatórias (nódulos, pólipos, edema de Reinke) e alterações estruturais mínimas (cistos, sulcos, pontes), ressaltando as diferenças técnicas da fonocirurgia para tratar essas lesões.

No laboratório os alunos praticam uma microcirurgia de laringe de forma sistematizada e em condição muito próxima do real. Iniciam o procedimento com palpação exploratória das cordas vocais, injeção de soro fisiológico no espaço de Reinke (hidrodissecção), incisão e dissecção do retalho mucoso utilizado para o tratamento das alterações estruturais mínimas, finalizando com a  ressecção do retalho (decorticação). Na sequência, utilizando o mesmo princípio técnico, incisam e dissecam um retalho subligamentar (entre o ligamento vocal - cônus elástico e o músculo vocal) e o ressecam (cordotomia subligamentar).

Após essa etapa, já tendo treinado os princípios básicos da microcirurgia, os alunos dissecarão uma segunda peça em que foi introduzido uma pequena lesão para simular um cisto de corda vocal. Será então realizada a microcirurgia com incisão e dissecção do retalho mucoso visando a ressecção do cisto com preservação da mucosa como ocorre na cirurgia real.

É um curso imprescindível para quem quiser incorporar a microcirurgia de laringe na sua prática otorrinolaringológica.